Como diria Caetano Veloso, "é preciso estar atento e forte"! O Brasil vem passando por uma série de investidas políticas que tem objetivos -- no mínimo -- duvidosos. Uma vez que a tarefa da Filosofia é refletir sobre o homem e o mundo em que ele está inserido, é necessário pensar sobre como essas alterações propostas podem afetar nosso cotidiano. A Educação é um dos tópicos que pode passar por mudanças. Que tal refletir, com um humor ácido, sobre isso? Seguem dois links: um deles de um programa do Gregorio Duvivier, que trata e explicita as reformas que o atual governo pretende realizar; o outro, da canção citada, pela maravilhosa voz e interpretação de Gal Costa, em 1969.
Boa reflexão!
Greg News - Educação
Gal Costa - Divino Maravilhoso
terça-feira, 16 de abril de 2019
terça-feira, 2 de abril de 2019
FILOSOFIA E FELICIDADE
FINALIDADE
ÚLTIMA DA FILOSOFIA
Em sua
origem histórica, a relação da filosofia com a felicidade era fundamental, pois
a vida boa seria a finalidade última
da investigação filosófica. Para que vocês entendam bem o que nós professores
de filosofia queremos dizer com “finalidade última” de uma ação, observe a
seguinte sequência de perguntas:
· * Filosofar pra quê?
Para
pensar melhor sobre tudo: os fatos, as pessoas, a vida.
· * Pensar melhor sobre tudo o quê?
Para
encontrar soluções aos problemas da existência – a minha e a de outras pessoas.
· * Encontrar essas soluções serve para quê?
Para ter
menos problemas, ficar mais tranquilo e viver melhor.
· * Viver melhor para quê?
Para me
sentir bem, em paz comigo mesmo e com o mundo.
· * Sentir-se assim para quê?
Para ser
feliz.
· * Ser feliz para quê?
Não sei.
Talvez para deixar as pessoas que me cercam felizes também.
· * Deixá-las felizes para quê?
Para que
eu fique feliz com a felicidade delas.
Vemos
que, no final, as respostas começam a ser circulares. Voltam sempre ao mesmo
ponto, ou seja, à ideia desse sentimento de bem-estar, de satisfação consigo
mesmo e com a vida, ligada também à sensação de plenitude, de já ter tudo e não
precisar de mais nada. Essa é uma boa descrição da felicidade.
Portanto,
finalidade última é aquela que está por detrás de todas as finalidades mais
imediatas e conscientes de uma ação. Geralmente inconsciente, ela é o motivo
fundamental de uma conduta.
ANALISANDO UMA SITUAÇÃO FILOSÓFICA II
O SOLDADO E O FILÓSOFO
Em uma
manhã ensolarada da antiga Atenas, a população desenvolvia tranquilamente seus
afazeres.
De
repente, um homem cruza a praça correndo, e logo se ouvem gritos desesperados:
– Pega
ladrão! Pega ladrão!
Um
soldado imediatamente se lança em disparada atrás do sujeito. Sócrates, por sua
vez, pergunta:
– O que
é um ladrão?
ANALISANDO A SITUAÇÃO
· * Onde e quando ocorre o episódio relatado? Quais
são seus personagens?
Ocorre
em Atenas, cidade-Estado da antiguidade grega, em algum momento da vida de
Sócrates (c. 469-399 a.C.), filósofo que é um dos personagens dessa cena. Os
outros dois personagens são um soldado e um ladrão.
· * A historieta pode ser dividida em dois
momentos. Quais são eles?
Veja que
há um antes e um depois na narrativa. Primeiramente, temos a vida nesse local
de Atenas seguindo seu fluxo normal, cotidiano, automático e transparente. Então
entra em cena o ladrão e se produz uma quebra, que dá origem às reações do soldado
e de Sócrates.
· * Como reage o soldado? E Sócrates?
O
soldado tem uma atitude totalmente distinta da de Sócrates. Ele não coloca em dúvida
o sentido do que vê e ouve, nem a conduta que deve ter. Sua atitude é a de partir
imediatamente para a ação. O mesmo não ocorre com Sócrates: a quebra gera nele
a dúvida. E, com a pergunta “o que é um ladrão?”, ele entra em reflexão.
· * O que essa historieta pretende ilustrar?
Podemos
dizer que a historieta ilustra, de maneira caricatural, as funções sociais do
soldado e do filósofo. O soldado deve manter a ordem e proteger a cidade e sua população.
Assim, ele reagiu conforme seu dever e sua função (ou “natureza”, como entendiam
os gregos). o filósofo, por sua vez, é aquele que busca a sabedoria e, para tanto,
não pode simplesmente seguir o que pensa e diz a maioria das pessoas (no caso,
criticar e repudiar irrefletidamente o ladrão) e o que faz o soldado
(persegui-lo e prendê-lo). Por isso, a reação de Sócrates é cautelosa,
ponderada, e ilustra a maneira de proceder do filósofo: questionando, procura
“des-cobrir” algo que seja importante para maior compreensão das coisas.
· * Que objeções podemos fazer às atitudes de cada
um?
Talvez
possamos dizer que o filósofo não pode duvidar o tempo todo: ele precisa alcançar
algumas certezas que lhe permitam também agir ou propor ações. De modo semelhante,
o soldado não pode somente obedecer ordens, comandos: ele também precisa
refletir antes de agir, senão é capaz de realizar ações injustas. Assim,
podemos concluir que ação e reflexão se complementam. Praticadas no momento
oportuno e de forma equilibrada, contribuem para o bem-estar do indivíduo e da
sociedade.
COTRIM,
Gilberto; FERNANDES, Mirna. Fundamentos
de Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2016. ( Texto adaptado).
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