O SOLDADO E O FILÓSOFO
Em uma
manhã ensolarada da antiga Atenas, a população desenvolvia tranquilamente seus
afazeres.
De
repente, um homem cruza a praça correndo, e logo se ouvem gritos desesperados:
– Pega
ladrão! Pega ladrão!
Um
soldado imediatamente se lança em disparada atrás do sujeito. Sócrates, por sua
vez, pergunta:
– O que
é um ladrão?
ANALISANDO A SITUAÇÃO
· * Onde e quando ocorre o episódio relatado? Quais
são seus personagens?
Ocorre
em Atenas, cidade-Estado da antiguidade grega, em algum momento da vida de
Sócrates (c. 469-399 a.C.), filósofo que é um dos personagens dessa cena. Os
outros dois personagens são um soldado e um ladrão.
· * A historieta pode ser dividida em dois
momentos. Quais são eles?
Veja que
há um antes e um depois na narrativa. Primeiramente, temos a vida nesse local
de Atenas seguindo seu fluxo normal, cotidiano, automático e transparente. Então
entra em cena o ladrão e se produz uma quebra, que dá origem às reações do soldado
e de Sócrates.
· * Como reage o soldado? E Sócrates?
O
soldado tem uma atitude totalmente distinta da de Sócrates. Ele não coloca em dúvida
o sentido do que vê e ouve, nem a conduta que deve ter. Sua atitude é a de partir
imediatamente para a ação. O mesmo não ocorre com Sócrates: a quebra gera nele
a dúvida. E, com a pergunta “o que é um ladrão?”, ele entra em reflexão.
· * O que essa historieta pretende ilustrar?
Podemos
dizer que a historieta ilustra, de maneira caricatural, as funções sociais do
soldado e do filósofo. O soldado deve manter a ordem e proteger a cidade e sua população.
Assim, ele reagiu conforme seu dever e sua função (ou “natureza”, como entendiam
os gregos). o filósofo, por sua vez, é aquele que busca a sabedoria e, para tanto,
não pode simplesmente seguir o que pensa e diz a maioria das pessoas (no caso,
criticar e repudiar irrefletidamente o ladrão) e o que faz o soldado
(persegui-lo e prendê-lo). Por isso, a reação de Sócrates é cautelosa,
ponderada, e ilustra a maneira de proceder do filósofo: questionando, procura
“des-cobrir” algo que seja importante para maior compreensão das coisas.
· * Que objeções podemos fazer às atitudes de cada
um?
Talvez
possamos dizer que o filósofo não pode duvidar o tempo todo: ele precisa alcançar
algumas certezas que lhe permitam também agir ou propor ações. De modo semelhante,
o soldado não pode somente obedecer ordens, comandos: ele também precisa
refletir antes de agir, senão é capaz de realizar ações injustas. Assim,
podemos concluir que ação e reflexão se complementam. Praticadas no momento
oportuno e de forma equilibrada, contribuem para o bem-estar do indivíduo e da
sociedade.
COTRIM,
Gilberto; FERNANDES, Mirna. Fundamentos
de Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2016. ( Texto adaptado).
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