terça-feira, 2 de abril de 2019

ANALISANDO UMA SITUAÇÃO FILOSÓFICA II


O SOLDADO E O FILÓSOFO
Em uma manhã ensolarada da antiga Atenas, a população desenvolvia tranquilamente seus afazeres.
De repente, um homem cruza a praça correndo, e logo se ouvem gritos desesperados:
– Pega ladrão! Pega ladrão!
Um soldado imediatamente se lança em disparada atrás do sujeito. Sócrates, por sua vez, pergunta:
– O que é um ladrão?

ANALISANDO A SITUAÇÃO
·        *  Onde e quando ocorre o episódio relatado? Quais são seus personagens?
Ocorre em Atenas, cidade-Estado da antiguidade grega, em algum momento da vida de Sócrates (c. 469-399 a.C.), filósofo que é um dos personagens dessa cena. Os outros dois personagens são um soldado e um ladrão.
·        *  A historieta pode ser dividida em dois momentos. Quais são eles?
Veja que há um antes e um depois na narrativa. Primeiramente, temos a vida nesse local de Atenas seguindo seu fluxo normal, cotidiano, automático e transparente. Então entra em cena o ladrão e se produz uma quebra, que dá origem às reações do soldado e de Sócrates.
·       *   Como reage o soldado? E Sócrates?
O soldado tem uma atitude totalmente distinta da de Sócrates. Ele não coloca em dúvida o sentido do que vê e ouve, nem a conduta que deve ter. Sua atitude é a de partir imediatamente para a ação. O mesmo não ocorre com Sócrates: a quebra gera nele a dúvida. E, com a pergunta “o que é um ladrão?”, ele entra em reflexão.
·        *  O que essa historieta pretende ilustrar?
Podemos dizer que a historieta ilustra, de maneira caricatural, as funções sociais do soldado e do filósofo. O soldado deve manter a ordem e proteger a cidade e sua população. Assim, ele reagiu conforme seu dever e sua função (ou “natureza”, como entendiam os gregos). o filósofo, por sua vez, é aquele que busca a sabedoria e, para tanto, não pode simplesmente seguir o que pensa e diz a maioria das pessoas (no caso, criticar e repudiar irrefletidamente o ladrão) e o que faz o soldado (persegui-lo e prendê-lo). Por isso, a reação de Sócrates é cautelosa, ponderada, e ilustra a maneira de proceder do filósofo: questionando, procura “des-cobrir” algo que seja importante para maior compreensão das coisas.
·      *    Que objeções podemos fazer às atitudes de cada um?
Talvez possamos dizer que o filósofo não pode duvidar o tempo todo: ele precisa alcançar algumas certezas que lhe permitam também agir ou propor ações. De modo semelhante, o soldado não pode somente obedecer ordens, comandos: ele também precisa refletir antes de agir, senão é capaz de realizar ações injustas. Assim, podemos concluir que ação e reflexão se complementam. Praticadas no momento oportuno e de forma equilibrada, contribuem para o bem-estar do indivíduo e da sociedade.
COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirna. Fundamentos de Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2016. ( Texto adaptado).

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