sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

FILOSOFIA: nem dogmatismo, nem ceticismo

Dogmatikós em grego significa "que se funda em princípios" ou "é relativo a uma doutrina".
Dogma é ponto fundamental e indiscutível de uma doutrina religiosa. Na religião cristã, por exemplo, há o dogma da Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo), a qual não deve ser confundida com a existência de três deuses, pois se trata só de um. Deus é uno e trino. Não importa se a razão não consegue entender, já que é um princípio aceito pela fé e o seu fundamento é a revelação divina.
Quando transpomos essa ideia de dogma para áreas estranhas à religião, ela passa a ser prejudicial às pessoas, que, uma vez de posse de uma verdade, fixa-se nela e abdica de continuar a busca. O mundo muda, os acontecimentos se sucedem e o ser humano dogmático permanece petrificado nos conhecimentos dados de uma vez por todas. Refratário ao diálogo, teme o novo e não raro se torna intransigente e prepotente. Disse Nietzsche, filósofo alemão do século XIX que as "convicções são prisões". Quando o dogmático resolve agir, o fanatismo é inevitável. Em nome do dogma da raça ariana, Hitler cometeu o genocídio dos judeus nos campos de concentração.
O filósofo e político brasileiro Roland Corbisier (1914-2005), explicitava que o "dogmatismo tem assumido um caráter principalmente ideológico e político. Convertendo-se em ideologia, a filosofia política se converte em doutrina oficial do Estado, ortodoxia a ser defendida pela censura e pelo aparelho repressivo, policial e militar."
Skeptikós em grego significa "que observa", "que considera". O cético tanto observa e tanto considera, que conclui pela impossibilidade do conhecimento. Confrontando as diversas filosofias, percebe que são diferentes e às vezes contraditórias, concluindo que é impossível aderir a qualquer uma delas.
Enquanto o dogmático se pega à certeza de uma doutrina, o cético conclui pela impossibilidade de toda a certeza e, neste sentido, considera inútil esta busca infrutífera que não leva a lugar nenhum.
Comparando essas duas posições antagônicas, podemos ver que elas tem algo em comum, ou seja, a visão imobilista do mundo: o dogmático atingiu uma certeza e nela permanece; o cético anseia pela certeza e decide que ela é inalcançável. Mas a filosofia é movimento, pois o mundo é movimento. A certeza e a sua negação são apenas dois momentos ( a tese e a antítese) que serão superados pela síntese, a qual, por sua vez, será nova tese, e assim por diante. A filosofia é a procura da verdade, não a sua posse. como dizia Jaspers, filósofo alemão, concluindo que "fazer filosofia é estar a caminho; as perguntas em filosofia são mais essenciais que as respostas e cada resposta transforma-se numa nova pergunta".

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